Carta aberta para quem não tem (ou não pode pagar) um plano de saúde

A tecnologia tem sido uma aliada na elaboração de soluções para atender a imensa população que necessita de atendimento médico de qualidade, mas conta com recursos financeiros limitados


*Por Mark Krauze, fundador da 2Care Saúde

Historicamente, não ter um plano de saúde no Brasil é ficar à mercê do Estado e rezar para não adoecer. O SUS (Sistema Único de Saúde) é uma gigantesca conquista da sociedade que este ano completa 34 anos, porém, infelizmente não consegue atender 100% da população de forma satisfatória. Assim, os que podem pagam por um plano de saúde, uma forma segura de garantir atendimento médico de qualidade sempre que necessário, a qualquer momento, desde um simples resfriado até uma cirurgia complexa.

O custo de um plano de saúde pode ser alto ou baixo. Uma pessoa saudável que paga R$ 400 por mês para fazer duas consultas por ano e meia dúzia de exames de sangue provavelmente paga caro pelo que utiliza. Já uma pessoa, da mesma faixa etária, com comorbidade, que paga os mesmo R$ 400 por mês, mas que necessita de acompanhamento médico mensalmente, com exames trimestrais, justifica o investimento.

Há anos ouço que ter plano de saúde no Brasil é uma segurança. Mas, nem todos podem pagar por essa segurança. Aliás, a maioria da população não pode e a tendência é piorar, com o recente anúncio de aumento de 15,5% nas mensalidades este ano, dos planos individuais e familiares. E, com isso, as superlotações de pronto-socorros, hospitais e unidades de saúde tendem a crescer.

Notícias de filas intermináveis no SUS para uma consulta médica especializada já não são mais manchetes. O contrário, sim. Por isso, desafogar a fila do SUS é tarefa gigantesca. A boa notícia é que existem alternativas com custos acessíveis, uma vez que consultas médicas particulares geralmente custam caras. Dependendo da especialidade do médico, uma consulta não sai por menos de R$ 500.

A tecnologia tem sido uma aliada na elaboração de soluções para atender a imensa população que necessita de atendimento médico de qualidade, mas conta com recursos financeiros limitados. O segredo é simples: tal como em uma reserva de hotel, os aplicativos conseguem tarifas mais vantajosas do que o preço de balcão, ao oferecer ao estabelecimento uma gama maior de clientes.

No negócio da saúde, isso também é viável. E, ao contrário dos planos de saúde, onde quem usa pouco acaba financiando aquele que usa muito, cada paciente paga apenas pelo que utiliza, quando utiliza.

No universo corporativo, as empresas que oferecem planos de saúde aos colaboradores como benefício muitas vezes são surpreendidas com reajustes anuais acima da média. Isso ocorre por conta do índice de sinistralidade, uma conta que os planos fazem de acordo com a quantidade de vezes que os colaboradores utilizam os serviços oferecidos.

Porém, o que muitos gestores sabem, mas poucos lembram, é que quando o índice de sinistralidade cai, o reajuste não fica negativo. Pode ser menor, mas ainda é dentro da média do mercado. Este índice é terrível, pois nem sempre é transparente.

A alternativa é uma auto-gestão da saúde dos colaboradores, que felizmente a tecnologia possibilita realizar, com soluções sem mensalidade nem carência, em que cada paciente paga pelo que utiliza, quando utiliza. E, as empresas, podem oferecer co-participações, de até 100% os valores de consultas, exames e até cirurgias.

Infelizmente a tecnologia sozinha não vai eliminar as imensas filas do SUS, nem evitar os aumentos abusivos das mensalidades dos planos de saúde, mas lança uma luz no fim do túnel para quem precisa de atendimento médico de qualidade e dispõe de recursos financeiros limitados.

*Marck Krauze é administrador de empresas pela FGV, com mais de 20 anos de experiência na área de Marketing e Vendas de grandes empresas, fundador da 2Care Saúde e um "apaixonado pela área da saúde"

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